terça-feira, 22 de setembro de 2009

A idade de ouro da Gospel Music

A idade de ouro (1940 - 1950)


A música gospel composta por Dorsey e outros, revelou-se muito importante entre os quartetos, e acabou seguindo para outros rumos. Grupos como The Dixie Hummingbirds, Pilgrim Travelers, Silvertones Swan, Sensational Nightingales e Five Blind Boys of Mississippi introduziram ainda mais liberdade estilística e novas harmonias, acrescentando ad libs e usando frases curtas repetidas em segundo plano para manter uma base rítmica para as inovações dos vocalistas. Foram surgindo idéias novas de “gritos” no âmbito mais “hard” ou subidas para o falsete na voz masculina, deixando a técnica vocal cada vez mais apurada.
Ao mesmo tempo que os grupos quartetos estavam atingindo seu auge nas décadas de 1940 e 1950, um número de mulheres cantoras estavam a atingir o estrelato. Algumas, como Mahalia Jackson e Bessie Griffin, se destacaram como solistas, enquanto outras, como a Clara Ward, Albertina Walker, The Caravans, The Sisters Davis e Dorothy Love Coates, cantavam em pequenos grupos. Enquanto alguns grupos, como os The Ward Singers, utilizavam teatro e dinâmicas de grupo bem mais ousadas que a maioria dos quartetos masculinos, as mulheres se basearam na técnica extrema e no testemunho dramático para se estabelecer.
Roberta Martin em Chicago estava à frente de outras cantoras gospel em muitos aspectos. Ela liderou grupos que foi referência na época,usando um estilo discreto, fugindo do virtuosismo individual, e patrocinou uma série de artistas ,tais comoJames Cleveland, que passou a mudar a face do evangelho nas décadas que se seguiram.

quarta-feira, 9 de setembro de 2009

Breve História da Gospel music

Breve História da Gospel Music

Muitas pessoas hoje consomem, analisam e estudam Black Music... Mas afinal, de onde veio tudo isso? África, Europa, Brasil?
O que é ao certo Black Music?
De onde vieram as batidas, a melodia e a harmonia?
Pois bem... Para começar bem é necessário o mínimo de conhecimento em história Geral...
Tudo se inicia biblicamente em Gênesis capitulo quatro versículo21
E o nome do seu irmão era Jubal; este foi o pai de todos os que tocam harpa e órgão.

A primeira menção de música na Bíblia fala de Jubal, pais de todos os harpistas e organistas...
Daí em diante, a música se desenvolve por caminhos próprios por entre os povos da Mesopotâmia...
Duas características que me chamam a atenção nesse estilo de Música são:
Os portamentos e a Appogiatura
Portamento:
Tem a ver com o “legato” na sua continuidade, mas em vez de se ligarem os sons mantendo a sua individualidade, deixa-se que a freqüência “escorregue”, se arraste, numa gradação infinitesimal até a nova freqüência. A denominação vem do italiano “portare”:
Os portamentos são normalmente conhecidos como Melismas:
Melisma em música é a técnica de alterar a nota (sensação de freqüência) de uma sílaba de um texto enquanto ela está a ser cantada. A música cantada neste estilo é dita melismática, ao contrário de silábica, em que cada sílaba de texto corresponde a única nota. A música das culturas antigas usavam técnicas melismáticas para atingir um estado hipnótico no ouvinte, útil para ritos místicos de iniciação (Mistérios Eleusinianos) e cultos religiosos. Esta qualidade ainda é encontrada na música contemporânea hindu e muçulmana. Na música ocidental, o termo refere-se mais comumente ao Canto gregoriano, mas pode ser usado para descrever a música de qualquer gênero, incluindo o canto barroco e mais tarde o gospel. Atualmente o Melisma é usado na música popular do Oriente Médio. O Melisma também é comumente apresentado na música popular ocidental, que tem sido fortemente influenciada pelas técnicas vocais e musicais afro-americanas.
Apogiatura é uma pequena nota escrita antes da outra (nota principal) e cuja execução é feita à custa do tempo da nota principal ao qual está ligada.
Interessante Não é? ...
A música antiga quase sempre está ligada a atos religiosos ou de festa.
Algo tão oriental, comum aos muçulmanos hoje é executada pelos Norte americanos...
E onde entra a África na história?
Na verdade, cantar em Melismas é uma característica muito mais oriental do que africana...
Cantar com melismas e appogiaturas, significa expressar-se de forma diferente a cada nova interpretação. Dificilmente um judeu conseguirá cantar a mesma música da mesma forma duas vezes, pois em cada uma, o sentimento da interpretação será transmitido em técnicas como o melisma e a Apogiatura.
Isso é Gospel Music?
Na verdade, definir Gospel (do inglês God –Deus Spell- palavra) Music, é definir todos os estilos de música cristã...
O Gospel que estamos procurando é algo mais profundo...
Quando Roma decretou o Cristianismo como religião tolerada pelo Império, vemos o Estado manipulando toda a forma de expressão religiosa.
De repente, vemos o ocidente agora usando uma mistura de cultura Ocidental e Oriental:
O Canto gregoriano
O Canto Gregoriano é um gênero de música vocal monofônica, monódica (só uma melodia), não acompanhada, ou acompanhada apenas pela repetição da voz principal com oorganum, com o ritmo livre e não medido, utilizada pelo ritual da liturgia católica romana, a idéia central do cantochão ocidental.
As características foram herdadas dos salmos judaicos, assim como dos modos (ou escalas, mais modernamente) gregos, que no século VI foram selecionados e adaptados por Gregório Magno para serem utilizados nas celebrações religiosas da Igreja Católica.
Somente este tipo de prática musical podia ser utilizada na liturgia ou outros ofícios católicos. Só nos finais da Idade Média é que a polifonia (harmonia obtida com mais de uma linha melódica em contraponto) começa a ser introduzida nos ofícios da cristandade de então, e a coexistir com a prática do canto gregoriano.
Entendemos então, a primeira Gospel Music adotada no mundo Ocidental cristão.
Dentro desse contexto, inúmeros compositores, criaram excelentes canções ao estilo Erudito cristão, o berço dos nossos mais belos hinos, hoje descritos nos hinários das diversas denominações ao redor do mundo. O próprio Martinho Lutero, um dos autores da Reforma Protestante arriscou escrever a bela canção Mighty Fortress is Our God (Castelo Forte é nosso Deus).
No século XVIII, Charles Wesley (irmão do avivalista John Wesley) escreveu mais de 6000 hinos.
Estamos chegando ao ponto crucial dessa história.
Vale a pena ressaltar, que, enquanto o mundo Ocidental sofre a influência de Roma, Espanha, França e Portugal, o Oriente Médio fita os olhos na África.
No Século X, missionários islâmicos, já fechavam relações comerciais com diversos países africanos, ensinando-os também o islão, e suas práticas religiosas, inclusive o canto.
Quando, ocorre a Expansão Marítima Européia no século XV, os navegadores encontram um povo “primitivo” fácil de explorar e lucrativo em suas terras.
Esse povo negro “primitivo” acaba sendo escravizado e mandado para a América recém-descoberta.
Negros ao chegarem aqui, não eram pessoas, eram apenas mão de obra barata e lucrativa. Não se levava em conta cultura,ideais nem tampouco religião, ignorando totalmente a natureza humana da raça negra em meados do século XV e XVI.
As grandes potências exploravam a África e tudo que nela havia.
Com a conferência de Berlim em 1884 dá pra se ter uma idéia da divisão da África entre as potências européias.
O Congresso de Berlim realizado entre 15 de Novembro de 1884 e 26 de fevereiro de1885 teve como objetivo organizar, na forma de regras, a ocupação de África pelas potências coloniais e resultou numa divisão que não respeitou, nem a história, nem as relações étnicas e mesmo familiares dos povos do Continente.
No congresso, que foi proposto por Portugal e organizado pelo Chanceler Otto Von Bismarck da Alemanha — país anfitrião, que não possuía mais colônias na África, mas tinha esse desejo e viu-o satisfeito, passando a administrar o “Sudoeste Africano” (atual Namíbia) e o Tanganhica — participaram ainda a Grã-Bretanha, França, Espanha, Itália, Bélgica, Holanda, Dinamarca, Estados Unidos da América, Suécia, Áustria-Hungria, Império Otomano.
Os Estados Unidos possuíram colônia na África; a Libéria, só que muito tarde, mas eram uma potência em ascensão e tinham passado recentemente por uma guerra civil(1861-1865) relacionada com a abolição da escravatura naquele país; a Grã-Bretanha tinha-a abolido no seu império em 1834. A Turquia também não possuía colônias em África, mas era o centro do Império Otomano, com interesses no norte de África. Os restantes países europeus que não foram “contemplados” na partilha de África, também eram potências comerciais ou industriais, com interesses indiretos naquele continente.
Num momento desta conferência, Portugal apresentou um projeto, o famoso Mapa cor-de-rosa, que consistia em ligar a Angola e Moçambique para haver uma comunicação entre as duas colônias, facilitando o comércio e o transporte de mercadorias. Sucedeu que, apesar de todos concordarem com o projeto, a Inglaterra, à margem do Tratado de Windsor, surpreendeu com a negação face ao projeto e fez um ultimato, conhecido como Ultimato britânico de 1890, ameaçando guerra se Portugal não acabasse com o projeto. Portugal, com medo de uma crise, não criou guerra com Inglaterra e todo o projeto foi-se abaixo.
Como resultado desta conferência, a Grã-Bretanha passou a administrar toda a África Austral, com exceção das colônias portuguesas de Angola e Moçambique e o Sudoeste Africano, toda a África Oriental, com exceção do Tanganhica e partilhou a costa ocidental e o norte com a França, a Espanha e Portugal (Guiné-Bissau e Cabo Verde); o Congo – que estava no centro da disputa, o próprio nome da Conferência em alemão é “Conferência do Congo” – continuou como “propriedade” da Associação Internacional do Congo, cujo principal acionista era o rei Leopoldo II da Bélgica; este país passou ainda a administrar os pequenos reinos das montanhas a leste, o Ruanda e o Burundi
Mapa de África Colonial em 1913.



Perceba a divisão da África em 1913.
Dá pra perceber os países explorados por cada potência Européia.
Essa exploração deu origem a três grandes movimentos culturais na América.
As tribos que eram trazidas para a América deixaram seu legado na música de quase todos os países americanos, mas Em especial:
O Samba no Brasil
Os ritmos caribenhos, (Salsa) na América Central
O Blues e o Gospel nos Estados Unidos.

Cada um desses estilos musicais tem características em especial que os diferem uns dos outros, mas são fortemente marca dos pelo ritmo diferenciado mais swingado e livre em relação a música erudita européia.

Os escravos, chegavam das mais diversas partes da África,especialmente de três áreas: Uma grande área costeira, que ocupa parte do Senegal, Guiné, Costa do Marfim, que era totalmente dominada pelo islamismo. Havia nessa área uma cultura musical bem melódica, muitos melismas e o uso de alguns instrumentos de corda.
Outra área abrangia onde hoje é a Nigéria e parte dos países costeiros, inclusive Gana.
Essa região trouxe uma cultura bem percussiva com ritmos bem alterados.
A terceira região era parte da Angola, (o Congo), de onde vem a herança dos corais polifônicos, separados em grupo vocal e solistas.
Cada música na cultura africana tinha um significado especial (festas, cerimônias,), tanto no conjunto, na sociedade, como para cada indivíduo. Uma das formas mais importantes eram os Ritmos. O uso da percussão era também uma forma de comunicação entre os vilarejos, e usado nas celebrações.
Esse conjunto de características eram a base para a criação de coro e acompanhamento, conceito de cantor solista com estilo bem carismático, dançante e empolgante que constituíram a base da Gospel Music.
Outra característica marcante era a interação entre o solista e o grupo, onde haviam idéias de pergunta e resposta e a liberdade de apoio ou comentários vindos da audiência
A maioria dos escravos chegaram para trabalhar nas lavouras do centro-sul dos Estados Unidos, e as únicas heranças culturais que podiam ter era a música..

Ao chegar aos Estados Unidos, em contrapartida com outros países americanos os negros foram “evangelizados”, ao estilo protestante inglês de ser. Acredito que muitos deles aprenderam as músicas de Charles Wesley e outros grandes compositores cristãos da época.
Uma das músicas mais lindas do hinário em minha opinião (Amazing Grace) foi escrita por um compositor de nome John Newton (1725-1807).
John Newton era traficante de escravos e converteu- se, tornando se compositor de hinos religiosos.
Para compor a célebre canção Amazing Grace, a história conta que John ouviu o clamor de um escravo no fundo do convés em uma melodia totalmente nova e emocionante. Se você procurar pela composição, vai encontrar:
Amazing Grace
Letra: John Newton
Melodia: Autor Desconhecido
A partir desses eventos, começamos a encontrar um estilo de música que nasce do eruditismo cristão dos séculos XVII, XVII e XIX com a influência Oriental e africana que acaba sendo evangelizada na nova América.
Nasce então o Negro Spiritual.

Os Spirituals

Spirituals

Ao ouvir um Spiritual, é evidente que essa música não só ajudou os escravos suportar a vida, mas que era uma expressão de suas alegrias, tristezas, esperanças e sonhos.
Spirituals foram influenciados pela cultura da África. Africanos utilizavam canções para recitar a história, expressar sentimentos sobre o outro, e juntando-se a todos os aspectos da vida. Influenciados pelas tradições da África, os spirituals foram criados pela contribuição individual e do grupo. Faziam uso de movimentos rítmicos do corpo e batiam palmas como acompanhamento da música.Canções eram constantemente recriadas a partir de pedaços de canções antigas e, em seguida, formavam novas canções com novas músicas e letras. Eles nem sempre foram criados na igreja, muitas vezes eram construídos e cantada durante o trabalho( as worksongs).
Embora as vezes o spiritual seja alegre e num andamento mais allegro com o chamado Shout (em português, "grito"), para a dança entre eles, grande parte dos spirituals tem um tom manso, num andamento "largo" e meditativo e, os negros, acorrentados, poderiam cantar sentados e a capella. Mas, a idéia do espiritual vem de uma raiz bíblica, das canções espirituais que podemos encontrar na leitura desta, com a menção de "Canções espirituais".
"falando entre vós com salmos,
entoando e louvando de coração ao Senhor
com hinos e cânticos espirituais..."Efésios 5.19

Os spirituals mais notáveis foram os que descreveram os escravos como o povo escolhido. Esta idéia os fazia acreditar que Deus estava com eles e a liberdade chegaria logo.Eles cantavam: "Nós somos o povo de Deus" e "Para a Terra Prometida eu estou indo " .

Apesar de serem sempre rebaixados por seus senhores de todas as pessoas, essas letras reforçavam a crença de que Deus os havia escolhido.

Esperança de libertação também era sempre expressa em spirituals criados a partir dos livros do Antigo Testamento,do Apocalipse do Novo Testamento. Os escravos cantavam sobre a abertura do Mar Vermelho, a vitória de Davi sobre Golias com uma pedra, a construção da arca de Noé, Jonas e sonhavam em obter sua liberdade através da fé.
Estas canções não só forneceram a esperança no futuro tendo como exemplos povos do passado, mas também confirmou que Deus ajudou povos oprimidos. Assim como Deus libertado o povo de Israel da escravidão no Egito, eles acreditavam que Ele iria também livrá-los da escravidão.

Tristeza era outro tema dominante, e foi expressa em canções sobre a morte. Pelo fato dos escravos estarem sujeitos aos caprichos dos senhores, a morte era uma constante ameaça. No entanto, acreditavam que Cristo morreu por todos os pecadores e os que creram nEle seriam aceitos no Reino dos Céus. A morte era vista como o fim do sofrimento na Terra. Não é surpreendente que eles cantaram canções como, "Swing Low, Sweet Chariot", que se congratulavam com a morte.
O texto, freqüentemente, é simples e tem uma frase principal para cada verso, que se repete, às vezes até quatro vezes (as quatro frases melódicas do primeiro verso); e, no refrão, finalmente responde o que os versos repetem. Às vezes o texto inicial é uma pergunta, noutras só uma mensagem. Existe até a sugestão de que os negros, enquanto eram escravos, por não poderem conversar quando trabalhando na construção da ferrovia, por exemplo, ficavam ansiosos para se comunicar; eles, então, cantavam uns para os outros com suas perguntas, e as vezes, o outro que estava trabalhando próximo respondia, cantando o refrão. Existe até um espiritual específico, Wade in the Water que a letra possui instruções de como fazer para fugir... "em direção a água" (para que os cães não possam rasteá-los, obviamente).

O Spiritual freqüentemente usa a Forma Canção, seguindo o formato:
 "A" para o primeiro verso
 "A" para o segundo verso ( "A"= repetindo a mesma melodia)
 "B" segue um refrão e, em geral, volta ao início(com o da capo e repete o formato com versos diferentes.
Podemos citar como exemplo desta forma o Were You There (When They Crucified My Lord)" (em português, "Voce estava lá, quando eles crucificaram o Senhor"?).
Um estilo melódico, com texto em Inglês, seria uma canção num tom otimista, cantada com júbilo, ou com tom de meditação, como uma canção para reflexão espiritual ou de lamento pessoal; sempre com letra evangélica ou de meditação, podendo ser cantada solo, sem acompanhamento, uma vez que os negros não tinham quase algum instrumento musical, ou com um acompanhamento de gaita. Quando num culto na igreja, pode ter um canto responsivo, com um coro, cantando as repostas do solo durante o refrão, ou até ecoando o próprio canto solo, como responsório, durante a música toda. Em muitas interpretações o cantor entoa os versos meigamente, e quando inicia o refrão entoa uma postura e dicção mais arrastada e agressiva, com mais altura no timbre e num ataque com mais velocidade. A melodia é bem diatônica e não tende a modular, ou apenas modula a um tom acima, para colorir um verso final com mais ânimo, por exemplo, mas modulações não aparecem, em geral, nas partituras originais – são apenas detalhes de arranjos mais modernos. O estilo foi se estabelecendo comercialmente no Século XX e compositores brancos começaram a escrever espirituais também. Os cenários do período da conquista do Oeste em qual os escravos viveram, serviu de inspiração para diversos musicais da Broadway, tais como "Oklahoma"de (Rodgers and Hammerstein), (1943); "Showboat" de (Jerome Kern e Hammerstein) (1927); em quais os enredos se davam nos estados da nova fronteira ao Oeste, Kansas, Oklahoma e ao longo do Sul dos EUA, no Rio Mississippi. A própria música temática do musical Oklahoma desenvolve o estilo responsório, trocando de vozes a cada frase e possue o estilo Country do velho Oeste Norte-americano. Em "Showboat" ambos negros e brancos participam da peça, um musical integrado racialmente, inclusive com um coro de negros e outro coro de brancos. A canção Negro espiitual, Ol' Man River, foi escrita por Jerome Kern para este musical, Showboat.

O Spiritual dos Afro-americanos começou a surgir durante os anos da escravidão, que podem ir até bem antes da Revolução americana, de1776, mas foi só por volta de 1860 que a música começou a ser publicada. Neste ano vários estados já haviam emancipado a escravidão
No início dos anos 1870 um grupo de estudantes da Universidade Fisk Jubilee Singers reviveu os spirituals durante um ato para arrecadar dinheiro para a universidade. Pela primeira vez, os brancos, não-sulistas, e outros foram capazes de ouvir o significado das músicas dos escravos.Ainda hoje, spirituals fornecem uma maneira de compreender as alegrias, tristezas, e as vidas dos escravos.
Entre alguns famosos Espirituais podemos citar:
 "Go Down, Moses"!
 "Were You There"
 "Swing Low, Sweet Chariot"
 "Ol' Man River" do musical da Broadway, Showboat (1927) de Kern e Hammerstein.
Este último espiritual fez tanto sucesso que muitos cantores modernos ainda cantam. Em 1972, o cantor, Jim Croce lançou-a numa versão Country, em seu primeiro álbum, e teve um bom retorno do público nos EUA.


Fontes:
http://pt.wikipedia.org/wiki/Espiritual_negro
http://afroamhistory.about.com/od/spirituals/a/spirituals.htm

O Tradicional Gospel

Gospel Tradicional

A música gospel tem uma história que pode ser atribuída ao Século 18, como já vimos.
Nessa época, ocorreu a mistura entre os hinos ingleses tradicionais e a idéia africana de cantá-los em pergunta e resposta. Os escravos não podiam conversar entre si, por isso desenvolveram essa idéia,onde um cantava uma parte,o outro respondia a outra frase , dessa forma, tanto os trabalhadores da lavoura de algodão como também os escravos acorrentados poderiam comunicar-se . As musicas tinham caráter cristão, pois levar os escravos as reuniões de culto não só era só um meio para monitorar os africanos , mas também serviu como um reforço da doutrina escravista.
Nessa fase também era ilegal mais do que um punhado de negros se reunirem sem supervisão.. Diante disso, a população negra norte americana cresceu mais próxima da doutrina cristã e descobriram o papel que a música tinha nessa experiência. A música (hinos) dos senhores brancos tornou-se o pano de fundo para a música dos africanos escravizados,que mais tarde, seriam usados em suas eventuais reuniões de adoração.
Na ilegalidade,os negros começaram a criar reuniões secretas que funcionavam como cultos só de escravos. Estas reuniões foram realizadas normalmente, a uma distância da casa do senhorio, para garantir a discrição e evitar uma possível punição.
Foram durante essas reuniões, que hinos tradicionais "mais recentes" foram desenvolvidos.
Esses novos hinos tinham uma mistura de Bluegrass (o “pai” do country), e de Spirituals (tradição negra), e até hoje compõem grande parte dos hinários das igrejas mais tradicionais...
Pra ser sincero, o Gospel conhecido como Tradicional. Embalou mesmo após o Reavivamento da Rua Azuza em 1905/1906/1907.
Os cultos nessa época eram diferentes dos cultos tradicionais. A congregação era barulhenta e ativa, e ficava respondendo aos comentários dos pastores com “amém, assim mesmo, pregue para nós, sim Senhor, entre outros”. Os sermões daquela época eram embalados por essa interação, e obtiveram uma característica mais rítmica, onde quanto mais altos eram os comentários, mais inspirado ficava o sermão. Nessa época também o pastor ou algum membro da congregação começava a cantar palavras do sermão ou versos da bíblia. Logo, toda a igreja estava cantando e dançando.
Nasce então, a igreja Missão da Fé Apostólica, a primeira igreja pós Avivamento, liderada pelo Pr William Seymour. As palmas, o barulho, o culto mais alegre e sem uma liturgia pré definida são fatores marcantes desse novo estilo de cultuar, bem parecido com o estilo africano de ser.
Um pastor negro da época disse o seguinte:
“As palavras podem ser relevantes.A congregação quer ouvir coisas relacionadas com as situações da vida real.Eles querem o que é vibrante e entusiasmante. Se “uma igreja conseguir dar sua mensagem, sua música, seus princípios, as pessoas responderão.”
Isso para a época foi motivo de discussão entre os grupos não pentecostais. A miscigenação entre negros e brancos foi uma das causas para a queda da Missão da Fé Apostólica. A história conta que a policia fechava e mandava os brancos embora da igreja, enquanto outros policiais maltratavam e batiam nos negros.
No início do século XX, com o aumento do número de igrejas negras no sul dos Estados Unidos, a música outrora conhecida como Spirituals começa a ser desenvolvida e expandida.
Ao lado das instituições nacionais organizadas, os guetos tinham igrejas independentes como:
Atlanta’s Highway, Hedge’s Fire Baptized, Chicago’s Widow’s Mite Holiness, Church of God in Christ. A igreja negra foi se tornando uma escola de música ,formando talento dos músicos e levando o desenvolvimento da música americana um passo a frente.
Durante as décadas seguintes, no final da guerra civil americana, os brancos começaram a perceber a importância dos Spirituals e dos Gospel, este estilo começou a ganhar notoriedade fora das comunidades afro-descendentes, e desenvolveram uma lenta, mas firme transformação da música.A grande mudança veio com a migração dos ex-escravos do sul para as cidades desenvolvidas do norte (Chicago e Nova York), depois da 1º Guerra Mundial.

É importante ressaltar que no início do século XX, o estilo de canto usando muito vibrato era acompanhado apenas de palmas. Pouco tempo depois chegaram os violões e banjos, para auxiliar os solistas e pequenos corais.
Na década de 1920 alguns artistas, como o Arizona Dranes, viajavam em turnês pelos Estados Unidos pregando e cantando suas músicas, a partir daí, da-se inicio a uma série de registros em um estilo que mesclava tradicionais temas religiosos com barrelhouse, blues e boogie- woogie com a adição de alguns instrumentos de jazz, tais como bateria (percussão) e metais (trompete,trombone,sax), para o som que se fazia na igreja.Também é importante notar que a música gospel não é apenas uma forma de música. É uma parte intrínseca da experiência religiosa de muitos fiéis.
O gospel tradicional manteve-se em um caminho espiritual forte e sobreviveu por muitos anos, tendo uma influência inegável sobre o R & B e o rock and roll.
Thomas Dorsey estendeu as fronteiras de seu tempo para criar música gospel em um formato para coros e quartetos. Vocalistas talentosos foram cantando essas músicas muito além das expectativas. O método, a dinâmica e o poder por trás das músicas eram diferentes, mas a mensagem de Deus era entregue a cada momento.
Dorsey, foi um grande pianista de blues e na época tocou para gigantes como Tampa Red, Ma Rainey e Bessie Smith, dessa forma,conseguiu argumentos musicais para desenvolver esta nova música, organizando uma convenção anual para artistas gospel, excursionando com Martin para vender partituras e, gradualmente, superar a resistência das igrejas mais conservadoras do que muitos deles considerado pecaminoso, músicas mundanas.Combinando a estrutura de bar e dezesseis modos de blues e ritmos com letras religiosas nessas composições Dorsey abriu novas possibilidades para cantores inovadores, como Sister Rosetta Tharpe e conseguiu um modo de fazer com que esses cantores pudessem aplicar os seus talentos individuais em suas canções, enquanto membros da igreja usando frases melódicas ou adicionando linhas musicais dos seus próprios instrumentos em resposta aos cantores.
Os grupos mais populares na década de 1930 foram os quartetos masculinos como The Golden Gate Quartet, que cantavam misturando harmonias cuidadosas, o canto melodioso, síncope lúdico e arranjos sofisticados para produzir um estilo leve, experimental. Esses grupos também absorveram os sons populares de grupos pop como The Mills Brothers e produziram canções que misturavam temas religiosos, humor , crítica social e política. Desde então a música gospel começou a mostrar mais e mais a influência do evangelho na forma de como eles incorporaram a nova música em seu repertório.
Em 1930, a música gospel incorporava o movimento dos direitos civis. Esse tempo foi referido como o período de black gospel, já que esta foi a época mais próspera para a música gospel.

Com a expansão da igreja pentecostal e do estilo musical, o piano foi incorporado, servindo de base e estudo para os corais, principalmente na década de 30. Na década de 40, os pequenos grupos de gospel music já estruturados começam a fazer turnês por todo o país, para supri a demanda das mais diversas partes dos Estados Unidos.
A música era o grande entretenimento da população pós Segunda Guerra Mundial, e agora,os negros já gravam seus LPs,os chamados Race Records.
No final da década de 40, ocorre mais uma grande transformação na igreja: chega o órgão Hammond.
A primeira igreja a ter um órgão Hammond foi a First church of Deliverance, fundada em 1929 em Illinois pelo Reverendo Clarence H. Cobbs.

.Essa igreja também foi a primeira a transmitir os sermões e música Gospel através do Rádio.
Dessa forma, a First Church of Deliverance teve grande influência para o firmamento da gospel music.Foi nela que Kenneth Morris revolucionou ao introduzir o órgão na musica gospel.
O órgão para a época era novo e trazia um som bem vibrante, bem como era o estilo pentecostal negro.Enquanto as igrejas dos brancos usavam somente o piano ou o órgão de tubos, as igrejas negras foram desenvolvendo a sonoridade do Hammond em todas as áreas do culto.Assim,piano e órgão tocavam juntos, criando um padrão que foi seguido até a década de 70.
Acredito que umas das principais referências do estilo tradicional seja o órgão Hammond.
Thomas Dorsey, Mahalia Jackson,Albertina Walker,Shirley Caesar, Dr. Mattie Moss Clark, Rev. Carlton Pearson, Vanessa Bell Armstrong, são bons exemplos de Cantores que até hoje ainda recriam o Tradicional Gospel.

Bibliografia:
http://farm1.static.flickr.com/217/513954038_b520503c34.jpg
http://www.hammond.com.br/latorre/artigos/gospel/gospel.htm